Fixo 14 (14) .¨Velha Chácara¨. ENTRE LES MOTS. ¨Lira dos Cinquent’anos¨. Manuel Bandeira

FILOSOFIA da ARTE. POESIA. MANUEL BANDEIRA

Em homenagem a Fazenda Pau d’Alho.

Entre Les Mots

A casa era por aqui… 
Onde? Procuro-a e não acho. 
Ouço uma voz que esqueci: 
É a voz deste mesmo riacho. 

Ah quanto tempo passou! 
(Foram mais de cinqüenta anos) 
Tantos que a morte levou! 
(E a vida… nos desenganos…) 

A usura fez tábua rasa 
Da velha chácara triste: 
Não existe mais a casa… 

— Mas o menino ainda existe. 

Manuel Bandeira, In Lira dos cinquent’anos, 1940

Ver o post original

FILOSOFIA da ARTE. POESIA. MANUEL BANDEIRA

LIEBSTERBLOGAWARD MLD

Vou-me Embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

 

Ouça o poeta: http://www.youtube.com/watch?v=-wtCdCInwiY

Reflexões: Ainda é possível se interessar por Manuel Bandeira, em plena revolução tecnológica?

Qual é a função das artes em nossas vidas?

Toda arte é útil?

Toda arte é bela?

revistabula.com

revistabula.com